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  • Foto do escritorZeev Katz

Minha Jornada na Engenharia Clínica – Cap. II – A Formação por Zeev Katz



Hoje vou continuar a contar minha saga pela engenharia na área da saúde. Existem hospitais pelo mundo há centenas de anos, mesmo aqui no Brasil os mais antigos têm na casa dos duzentos anos, e eles são necessariamente prédios, que precisam ser projetados, construídos e mantidos. A prática médica desde sempre se utilizou dos mais diversos dispositivos tecnológicos para ser mais eficiente e eficaz. Isso tornaria óbvio que a engenharia e a medicina sempre andaram juntas, o que é verdade; informalmente. Mas Engenharia Hospitalar, Médica ou Clínica como áreas mais oficiais, são muito recentes, nada além de 30 ou 40 anos.


Então, quando comecei, estava tratando de aprender algo que ainda estava se moldando. Os conceitos se estabelecendo, o mercado se montando, tudo sendo criado. Era uma enorme oportunidade e um imenso desafio. Como contei no primeiro capítulo, eu fui aceito para o mestrado em Engenharia Biomédica no CEB da UNICAMP e o Prof. Calil aceitou ser meu orientador, para desenvolvermos um trabalho na área da Engenharia Clínica, que eu tinha certeza de que era o que eu queria fazer. Felizmente eu estava certo.


É incrível como tomamos tantas decisões na vida e o fazemos sem total conhecimento de causa, muitas vezes usando o instinto e a coragem. Sendo muito honesto, eu não sabia exatamente como funcionava um mestrado, nem como seriam os próximos anos, mas acreditei. Então se iniciaram as aulas e tudo começou de verdade, novos colegas, novos amigos, novos assuntos. Aprendi sobre biologia, só que com o viés da engenharia, como os fenômenos fisiológicos podem ser modelados matematicamente e como sinais vitais podem ser transformados em números. Comecei a entender como a combinação das tecnologias pode fazer equipamentos que curam, tratam, diagnosticam e monitoram.


O tempo no mestrado foi um dos mais felizes de minha vida. Tinha muitos e bons amigos, conheci minha esposa e estudava algo que gostava. Só que havia um desafio, eu precisava desenvolver uma dissertação. Precisava encontrar um tema que fosse inovador, instigante e ainda factível. Isso tudo, numa área nova, é ainda mais difícil. Nós tivemos uma cadeira de Engenharia Clínica em que conheci os muitos temas que constituem a especialidade, inventário, manutenção programada, aquisição, corretivas, riscos, vida útil, e tantos mais. Essa área é fascinante porque é multidisciplinar como nenhuma outra, junta ciências humanas, exatas e biológicas. Mas eu tinha que fechar um tema.


Em um congresso recente, em Outubro de 2023, o prof. Calil falou que o custo de aquisição é a ponta de um iceberg e que para fazer gestão de verdade sobre os equipamentos é preciso conhecer todos os custos envolvidos no ciclo de vida. Nos meados da década de 90 ele já trouxe essa mesma questão, que é tão relevante e complexa que ainda persiste. Pronto, eu tinha um tema. Mas algo não engrenou, não sei explicar o que. Comecei a pesquisar fortemente, em todas as direções e não me convencia de como fazer esse trabalho. Terminei me definindo por algo diferente, mas parecido, a decisão de desativar ou substituir um equipamento médico.


Trabalhei com afinco no meu tema da Decisão de Substituição de Equipamentos Médicos. Pesquisei artigos internacionais, usando os meios disponíveis na época, pensei modelos de decisão, fiz simulações, escrevi trechos do meu projeto, só que a coisa não ficava pronta. O tempo passava, já ia além do previsto para o mestrado, todos estavam aflitos, por melhor que fosse a vida, não estava boa.

Existe uma realidade, todo mundo perde um ano de sua vida por algum motivo diverso, e essa retração serve para nos impulsionar, para seguirmos mais fortes. Após mais de três anos de trabalho eu tinha tudo pronto, só faltava colocar tudo junto e entregar, e recebi a ajuda de uma pessoa que sabia muito de pesquisa e desenvolvimento de trabalhos e, principalmente, tem o desejo eterno de me apoiar, minha mãe.


Então, no final do ano de 1998, defendi minha dissertação de mestrado. Foi uma linda banca e gostei muito de minha apresentação. Ao longo de muitos anos ouvi que meu trabalho era referência e isso me deixa orgulhoso. Finalmente eu tinha minha formação oficial em Engenharia Clínica, era hora de colocar a mão na massa, mas isso é assunto para um próximo capítulo.



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